quinta-feira, 20 de outubro de 2016

#52 - "Ah, a noite que eu, sem fim, passei...", Ibn Sara

Ah, a noite que eu, sem fim, passei...
O Tempo alargava a sua duração
E dava-lhe o cerne do que na vida amei.
Comentaram alguns, pela noite fora,
Como se ia escoando a sua mansidão.
Mas a noite somente consentia a aurora...

Das nuvens tão denso era o breu
Que já não se sabia o que era Terra ou Céu.
Ao longe o raio entre trevas se escondia:
Era um negro que entre lágrimas sorria.

Brandi alto o sabre da minha vontade
E tingi o manto dessa mesma aurora
Ao ferir o colo da escuridade
Com o sangue da noite, pela noite fora.


(versão de Adalberto Alves)

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